Já não existe mais liderança absoluta na televisão

Nas décadas de 80 e 90, as novelas da “Globo” reinavam absolutas em seus horários, com poucos concorrentes capazes de fisgar seus telespectadores. Quando isso acontecia, era outro folhetim que conseguia bater uma liderança incontestável. Foi assim com “Pantanal” e “Xica da Silva”. A exceção fica para “Casa dos Artistas”, reality comandado por Silvio Santos que deu muita dor de cabeça para o “Jornal Nacional” e a trama que vinha na sequência.

Em novo século, as novelas da “Globo” já não são imbatíveis. As demais emissoras resolveram deixar de lado a velha máxima de que não compensava investir no horário onde estava o principal produto da líder. Bobagem, porque é preciso oferecer alguma opção para quem não quer assistir à grade da “Globo”, mesmo que seja com outro folhetim. Além disso, “Record”, “SBT” e “Band”, principalmente, apostaram em mais qualidade e refinaram suas produções. Resultado: a audiência pulverizou e cada um teve o retorno de seu aporte.

Para contribuir com esse cenário, a TV por assinatura também registrou um importante crescimento a partir do momento que resolveu não ser apenas uma plataforma com um certo preconceito com a massa. Qualquer veículo de comunicação ou produto de conteúdo audiovisual deve buscar ampliar ao máximo sua presença, mesmo que de olho num segmento. Com isso, muita gente descobriu boas produções, mesmo que importadas.

Quem acompanha “A Lei do Amor”, atual aposta da “Globo” para a faixa das 21h, o ponto máximo de sua programação, sabe que o texto de Maria Adelaide Amaral e Vicent Villari tem uma qualidade inquestionável. É acima da média. Unido a isso, há um excelente elenco e uma direção sensível. Portanto, sobram elementos para o sucesso, mas a audiência está abaixo do esperado e de outras histórias apresentadas no mesmo horário.

Segundo dados da Kantar/Ibope, “A Lei do Amor” registrou em sua primeira semana 28 pontos em São Paulo e 29 no Rio de Janeiro. Na segunda, caiu para 27 de média nas duas capitais. Em sua terceira semana, chegou a registrar menos de 25 pontos nas plateias paulistana e carioca, índices preocupantes para os diretores da “Globo”. Entretanto, é fundamental destacar, permanece na liderança em sua faixa de exibição.

Os números acima comprovam que, em época de mais concorrência e de produções melhores nas outras emissoras, as lideranças absolutas serão cada vez mais raras e os autores deverão buscar temáticas que surpreendam o telespectador e fujam um pouco do que se via há alguns anos.