Agremiações relançam o CD do Grupo Especial para o povo

A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), promoveu no dia primeiro de dezembro, uma festa na Cidade do Samba, para lançar oficialmente o CD das escolas de samba do grupo especial do Carnaval de 2017. O evento porém foi restrito à convidados. Pelo segundo ano consecutivo, o Acadêmicos do Salgueiro, 4º colocado em 2016, tomou a iniciativa e organizou o “Lançamento do CD do Grupo Especial 2” em homenagem ao público do Carnaval. Os ingressos foram vendidos a R$ 40,00 e o disco era dado como brinde.

As escolas ficaram em camarotes superiores da quadra. Cada uma em um. Havia um “banner” para identificá-los. Em cada um desses espaços, possuía um garçom com a blusa de sua respectiva escola. Nas mesas, copos, velas e até bolos personalizados enfeitavam a noite. Da entrada da quadra ao palco, foi posto um tapete vermelho para que os pavilhões pudessem passar.

A festa realizada na quadra da vermelho e branco contou com a apresentação de todas as agremiações que pertencem a elite do Carnaval do Rio de Janeiro, 12 no total. A presidente do Salgueiro, Regina Celi Fernandes, conversou com o SRzd Carnaval e disse que o objetivo do evento era homenagear o sambista:

“A gente tem o evento da Liesa que é das escolas de samba, só que lá não vai o povo e o povo quer participar. A gente coloca as doze escolas num mesmo lugar porque todo mundo quer ver o espetáculo. A organização e a iniciativa é toda do Salgueiro”, explicou a dirigente.

Um dos produtores musicais do CD, Mario Jorge Bruno, enalteceu o evento, opinou sobre a safra do próximo ano e revelou a obra de sua preferência:

“Festa de extremo bom gosto. Dá a oportunidade pro povão de ver as escolas se apresentarem. Uma festa bonita, com os cantores oficias. A briga na Avenida será complicada. Todos os sambas são de ótima qualidade, mas tem um samba que está surpreendendo positivamente que é o da Vila Isabel. Surpreendeu no primeiro lançamento da Liesa e aqui também. A Vila está de parabéns”, opinou.

O ator, escritor, produtor e um dos maiores sambistas da história, Haroldo Costa, marcou presença e rasgou elogios à “Academia do Samba”:

“Eu acho que mais uma vez o Salgueiro inova ao fazer um evento, uma confraternização com as escolas do grupo especial com os seus sambas, os seus músicos e o seu público. Eu acho que mais uma vez o Salgueiro marca um belo ponto no Carnaval carioca”, comentou.

Um dos maiores nomes da folia, a carnavalesca e comentarista de Carnaval, Maria Augusta, também conversou com a equipe de jornalismo do portal e fez um apelo para que este tipo de evento possa acontecer com iniciativas de outras agremiações:

“Festa maravilhosa. Acredito que outras escolas deveriam fazer também em diversas regiões do grande Rio. O Salgueiro tem uma quadra boa mas não atinge todo mundo. Eu acho que os sambas deveriam se apresentar em pelo menos 4 regiões diferentes para que a maior parte do público possa ter acesso”, avaliou.

Perguntada sobre a música de sua preferência, a carnavalesca explicou de forma técnica, que este é um período de ajustes:

“É difícil opinar. As baterias não são as oficias (a bateria do Salgueiro tocou para todas as escolas), estamos num processo ainda de amadurecimento das obras. As baterias e os músicos ainda estão se harmonizando. Depois do ensaio técnico a gente pode avaliar melhor”, disse.

O mundo vive um período de incertezas na economia, e no Brasil a crise é intensificada, pois além de econômica, há crise política. Maria Augusta então, comentou qual seria a solução dos profissionais de Carnaval para realizarem uma grandiosa festa com retenção de gastos:

“Primeiro é preciso pensar com humildade. A humildade é uma coisa muito importante. Saber trabalhar com pouco dinheiro é a realidade. Nesse momento é que podemos saber quem é o mais criativo, quem tem as melhores ideias. O Pamplona (referiu-se ao saudoso carnavalesco Fernando Pamplona), costumava dizer que é preciso tirar leite de pedra. Ainda há muito preconceito com o Carnaval, neste ano de muita dificuldade financeira, as escolas de samba vão mostrar o quanto são organizadas ao realizar o desfile com pouca verba”, refletiu.

Veja aqui a análise das apresentações:

Paraíso do Tuiuti: primeira agremiação a se apresentar e com a voz do intérprete Wantuir. Após 16 anos afastada do Grupo Especial, a campeã da Série A em 2016 retorna à elite do Carnaval carioca com o enredo “Carnavaleidoscópio Tropifágico”, uma homenagem ao movimento tropicalista. A apresentação da escola foi marcada pelo forte canto de seus componentes, que compareceram em bom número.

União da Ilha: com enredo “Nzara Ndembu – Glória ao senhor tempo” e interpretação de Ito Melodia, o samba empolgou o público presente, principalmente no refrão final, e a agremiação fez uma das melhores exibições da noite no conjunto de samba, mestre-sala e porta-bandeira e intérprete.

Mocidade Independente de Padre Miguel: terceira escola a se apresentar, que em 2017 homenageará o Marrocos com o título “As mil e uma noites de uma Mocidade prá lá de Marrakesh” teve Wander Pires, que retorna à agremiação, cantando a obra com extrema qualidade técnica, como é de costume. O samba porém não teve o mesmo rendimento como em apresentações anteriores.

São Clemente: com seu enredo “Onisuáquimalipanse”, foi a quarta a subir ao palco, representada pelo cantor Leozinho Nunes, que levou o samba com maestria. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabrício Pires e Denadir Garcia bailou com leveza, sincronia e sintonia, obrigatoriedades no quesito e por isso foram o destaque da escola na noite.

Unidos de Vila Isabel:  com o tema “O som da cor”, Igor Sorriso, cantor que em 2016 ganhou o Prêmio SRzd Carnaval de melhor intérprete do Grupo Especial, confirmou a força do samba da azul e branca de Noel. Amanda Poblete e Raphael Rodrigues dançaram com elegância e nobreza.

Grande Rio: O verdadeiro show da noite. A tricolor de Caxias realizou a melhor exibição da festa. Rendendo homenagem a cantora Ivete Sangalo no enredo “Ivete do Rio ao Rio”, a agremiação foi a sexta a se apresentar no embalo do cantor Emerson Dias. Todos presentes na quadra pulavam, cantavam e dançavam o samba. “Levantou poeira”!

Imperatriz Leopoldinense: o samba foi defendido pelo estreante Arthur Franco, que valorizou a riqueza poética e melódica da obra. Rafaela Theodoro e Thiaguinho Mendonça, que dançam juntos há cerca de 6 meses, mostraram garra e entrosamento.

Beija-Flor: sem Neguinho, por questões profissionais, a escola nilopolitana subiu ao palco para cantar “A Virgem dos Lábios de Mel – Iracema”. Selminha Sorriso e Claudinho Souza esbanjaram simpatia e carisma.

Salgueiro: assim como na festa produzida pela Liesa, a vermelho e branco realizou uma bela apresentação. Todos os seus segmentos se apresentaram bem. O samba-enredo empolgou o público, os intérpretes Leonardo Bessa e Serginho do Porto mostraram entrosamento e o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Sidclei e Marcella Alves apresentaram muita técnica na exibição.

Portela: terceira colocada no Carnaval de 2016, a Portela foi a décima a se apresentar com o tema “Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar…”. Gilsinho, intérprete da azul e branco, cantou a obra com valentia e comandou a boa apresentação da escola de Madureira.

Unidos da Tijuca: vice-campeã do Carnaval 2016, a azul e amarelo terá como enredo “Música na alma, inspiração de uma nação”.  O intérprete Tinga não compareceu. A composição cresce a cada apresentação. Foi porém a força, a bravura e imponência de Ruth e Julinho que chamaram a atenção do público na apresentação da escola.

Mangueira: ao som de é campeã, a vencedora  de 2016 encerrou a noite em grande estilo. A baixa da escola foi a ausência de seu intérprete oficial, Ciganerey, também por motivos profissionais. A porta-bandeira Squel, teve o nome gritado por dezenas de pessoas ao pisar no palco. O samba animou o público e o refrão principal mostrou que pode embalar a Sapucaí.

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