Temer diz que gravar clandestinamente é ‘indigno’ e barra anistia ao caixa 2

O presidente Michel Temer anunciou na manhã deste domingo (27) em entrevista coletiva, que nenhuma proposta de anistia a crimes eleitorais, como o caixa 2, será levada para votação no Congresso.

“Há uma unanimidade entre os líderes do executivo e do legislativo. É preciso atender a voz das ruas. O poder é do povo. Quando o povo se manifesta, esta audiência há de ser tomada pelo poder Legislativo e igualmente pelo Poder Executivo. Seria impossível ao presidente sancionar uma matéria dessa natureza”, explicou Temer.

A chamada anistia ao caixa 2 vinham sendo articulada na Câmara dos Deputados e previa que pessoas que receberam doações, contabilizadas ou não, de valores, serviços e bens para fins eleitorais ou político-partidários feitas até a data da entrada da nova legislação não seriam punidos.

Na noite deste sábado (26), após reunião com Temer, no Palácio do Jaburu, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, havia declarado que o projeto anticorrupção deve ser  votado pelo plenário da Casa na próxima terça-feira (29), sem a anistia a crimes eleitorais como o caixa 2.

“Nossa intenção nunca foi anistiar crimes, já que o projeto de medidas anticorrupção enviado pela sociedade tipifica os crimes”, declarou Maia. Renan Calheiros reiterou que uma eventual proposta de anistia ao caixa 2 não terá andamento no Congresso.

Coletiva de Imprensa no Palácio do Planalto. Foto: Beto Barata/PR
Coletiva de Imprensa no Palácio do Planalto. Foto: Beto Barata/PR

Na última quinta-feira (24), o plenário aprovou, em votação simbólica, a urgência para votar o texto da comissão especial que analisou as propostas anticorrupção enviadas pelo Ministério Público Federal ao Congresso.

Contudo, com o receio de que uma anistia ao caixa 2 fosse votada, alguns partidos apresentaram requerimento para votação nominal e a tramitação da proposta foi suspensa.

Geddel e delações da Odebrecht foram temas abordados

Durante a inédita entrevista, que foi realizada no Palácio do Planalto, com a participação dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia e do Senado, Renan Calheiros, Temer também disse que a demissão do ministro Geddel Vieira Lima não causou prejuízos ao Governo e aconteceu de forma tranquila.

Questionado se teme as delações da Odebrecht, o presidente declarou ter preocupação “de natureza institucional” pelo fato de elas atingirem “100, 150” políticos. Sobre o que ocorrer com ministros, ele afirmou que vai esperar a homologação das delações e “verificar caso a caso”.

Temer espera que gravação feita por Calero seja divulgada

O presidente Michel Temer criticou duramente o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que alega ter gravado o mandatário durante um encontro entre os dois em Brasília para tratar da liberação da obra de um empreendimento imobiliário na Bahia.

“Acho que gravar clandestinamente é desarrazoado, ou diria mesmo indigno. Um ministro gravar um presidente da República é gravíssimo. Se ele gravou,  espero que essa gravação venha à luz. Eu sou cuidadoso nas palavras. Jamais diria algo inadequado”, afirmou.

Calero revelou ter recebido pressão de vários ministros para convencer o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) a voltar atrás na decisão de barrar um empreendimento localizado em uma área tombada de Salvador, onde o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira adquiriu um apartamento. Ele acrescentou ainda que tanto o ministro Eliseu Padilha quanto Temer insistiram para que ele levasse o processo sobre o prédio
à AGU (Advocacia-Geral da União).

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