Dar uma surra nos políticos acaba com a corrupção?

Esta semana fiquei longe de casa. Fiz palestras em Foz do Iguaçu, no Paraná; e em São Paulo, capital. Ouvi nestes lugares o mesmo que havia ouvido há pouco tempo em Boa Vista, Roraima; Uberlândia, Minas Gerais; e no Recife, Pernambuco: intolerância com a corrupção.

Um motorista de van comentou sobre a ‘roubalheira’: “Está demais. Erraram na mão. insuportável”. Uma senhora da plateia pegou o microfone e disse que ela e sua família não suportam mais os políticos de Brasília e que, por isso, é que apoia o trabalho do juiz Sérgio Moro.

Este problema não é só nosso.

Um homem de Seattle, em sua casa localizada diante do Pacífico, nos Estados Unidos, me disse que dava graças a Deus por ficar longe de Washington, porque desta forma não precisava dar de cara com os políticos.

Em tempo: o aeroporto da capital americana fica lotado nas quintas e sextas-feiras. É uma debandada de vossas excelências rumo às suas “bases˜. Igualzinho ao que acontece por aqui.

A diferença é que as instituições funcionam melhor nos Estados Unidos, Canadá e Alemanha. Por aqui, os descalabros do andar de cima, segundo expressão de Elio Gaspari, ou, se preferir, os absurdos da Casa Grande, como diria Mino Carta, simbolizam escárnio, autoritarismo, arrogância, que só faz aumentar o fosso entre os poderosos e a gente.

A punição a alguns, e a impunidade para outros, fortalece uma sociedade esquizofrênica. E não um país justo, como queremos.

Passou da hora da Operação Lava Jato deixar intocável os políticos do PSDB. Todos, rigorosamente todos, somos subordinados às leis. Não importa se eles alcancem corruptos no partido que for. Onde estiverem, precisam pagar pelo que fizeram de errado. Isto vale também para o poder Judiciário e para os integrantes do Ministério Público.

Se os criminosos de colarinho branco não forem barrados, teremos milícias por aí fazendo justiça com as próprias mãos. No Youtube, tem uma coleção de vídeos mostrando perseguições a deputados, senadores e pessoas públicas.

Nos grupos de Whattsapp, estão circulando gravações de pessoas estimulando comportamentos criminosos – atos condenáveis – em que os ativistas exigem execução de adversários políticos, agressão e cerceamento de liberdades constitucionais.

A sociedade democrática que precisamos construir tem o dever de ser organizada, respeitadora da Constituição e que nos dê confiança nos poderes estabelecidos. O bom funcionamento das Forças Armadas, da Polícia, da Justiça e a garantia de que teremos probidade por parte dos gestores e representantes públicos, é o mínimo que devemos esperar.

É inaceitável se fazer Justiça com as próprias mãos. Veja o que um dos homens não identificados pensa e propõe como solução para acabar com a corrupção. Somos radicalmente contra o desvio público, e, por conseguinte a corrupção, mas não podemos concordar com práticas típicas de milicianos.

Sabemos que no Brasil inteiro se quer um “basta” à ação dos ladrões do erário. Mas, calma. Nossa proposta é um pouco mais sofrida, mas só pode ser dentro do estado de Direito. Mas que eles sejam exemplarmente punidos logo.

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