Ex-governador Garotinho é preso no Rio pela Polícia Federal

O ex-governador do Rio de Janeiro e atual secretário de governo de Campos, Anthony Garotinho, foi preso na manhã desta quarta-feira (16) pela Polícia Federal baseada em Campos, por crime de compra de votos. Ele estava em seu apartamento no bairro do Flamengo, Zona Sul do Rio. O mandado de prisão preventiva foi expedido pelo juiz Glaucenir Silva de Oliveira.

A Operação Chequinho, da Polícia Federal, investiga o uso eleitoral do programa “Cheque Cidadão”, e cumpre mandados de prisão há cerca de um mês para combater crimes eleitorais em Campos dos Goytacazes, cidade onde a família Garotinho detém poder político há 20 anos.

O nome da operação é uma referência justamente ao programa “Cheque Cidadão”, que teria sido usado por candidatos à Câmara Municipal para a negociação de votos.

Em denúncia apresentada à Justiça Eleitoral, o Ministério Público afirma que o ex-governador Anthony Garotinho “coagiu e constrangeu mediante grave ameaça” duas testemunhas “com o fim de satisfazer interesses em investigação policial”.

Os vereadores Miguel Ribeiro Machado e Ozéias Martins foram presos no dia 19 de outubro. Segundo a PF, eles eram responsáveis pelo recolhimento de documentos de eleitores para cadastro no “Cheque Cidadão”. No dia 26, o vereador Kellenson Ayres Figueiredo de Souza e a ex-coordenadora do programa Gisele Koch foram presos na mesma operação. Já o vice-presidente da Câmara, Thiago Virgílio, foi preso no dia 29. No dia 1º de novembro, foi a vez da vereadora Linda Mara Silva ser presa. A ex-secretária de Desenvolvimento Humano e Social Ana Alice Alvarenga e a radialista Beth Megafone também estão presas.

Anthony Garotinho. Foto: Divulgação
Anthony Garotinho. Foto: Divulgação

O secretário de Governo de Campos e ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, foi preso por volta das 10h30 da manhã desta quarta-feira (16), em seu apartamento na rua Senador Vergueiro, no Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro, por agentes da Polícia Federal de Campos dos Goytacazes.

O motivo é o desdobramento da Operação Chequinho, que investiga o crime eleitoral de compra de votos nas eleições municipais de outubro de 2016 em Campos. A operação prevê oito mandados de prisão temporária, outros oito de busca e apreensão e um de condução coercitiva. Ainda não há maiores informações sobre a prisão do ex-governador, que teria saído de casa sem algemas.

O mandado foi expedido pelo juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral de Campos. Segundo informações da Polícia Federal, o ex-governador do Rio de Janeiro foi preso em seu apartamento na Senador Vergueiro, no bairro do Flamengo, levado para a sede da Polícia Federal, na Zona Portuária, e deve, posteriormente, ser levado para Campos.

A defesa de Garotinho afirmou que a prisão preventiva é ilegal. Anthony Garotinho foi governador do estado do Rio de 1998 a 2002, quando concorreu à presidência, sendo derrotado pelo ex-presidente Lula. Sua mulher, Rosinha Garotinho, foi eleita governadora do estado e ele foi secretário de segurança de seu governo. Neste período, uma série de denúncias de crimes eleitorais e comuns recaíram sobre o casal.

Operação da PF apura esquema de compra de votos

A Operação “Chequinho” da Polícia Federal investiga um esquema de compra de votos em troca do benefício nas eleições deste ano em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Em setembro, a PF prendeu a secretária municipal de Desenvolvimento Humano e Social e a coordenadora do Programa Cheque Cidadão em Campos dos Goytacazes. Segundo as investigações, também foram presos eleitores, que tinham ligação com um vereador que foi detido no último dia 29 de agosto suspeito de aliciamento de eleitores para a compra de votos.

No dia 19 de outubro, dois vereadores foram presos em Campos. Miguel Ribeiro Machado, o Miguelito, de 51 anos, e Ozéias Martins, de 47, foram presos em casa por suspeita de utilizar o programa Cheque Cidadão para a compra de votos. Miguel foi levado para o Presídio Carlos Tinoco da Fonseca até o dia 26 de outubro, quando foi liberado, após cumprir a prisão temporária. O vereador Ozéias Martins foi liberado no dia 29 de outubro.

No dia 26 de outubro, o vereador Kellenson “Kellinho” Ayres Figueiredo de Souza (PR), de 55 anos, foi preso em uma nova fase da operação de combate a crimes eleitorais. Na ocasião, também foram presos chefes de postos de saúde na cidade. Kellinho conseguiu uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral e foi solto do Presídio Carlos Tinoco da Fonseca no dia 4 de novembro.

Além disso, Gisele Kock, coordenadora do Cheque Cidadão na cidade, também está entre as que tiveram a prisão preventiva cumprida no dia 26 de outubro. Ela deixou o presídio feminino Nilza da Silva Santos no início da tarde de 3 de novembro após conseguir habeas corpus. No dia 29, a Polícia Federal prendeu Thiago Virgílio (PTC), vereador de Campos. O parlamentar foi preso em casa e levado para a sede da PF em Campos. Segundo a Polícia Federal, ele é suspeito de envolvimento com o esquema de compra de votos nas Eleições 2016 e vinha sendo investigado na Operação Chequinho.

Anthony Garotinho. Foto: Inácio Teixeira/Coperphoto
Anthony Garotinho. Foto: Inácio Teixeira/Coperphoto

Thiago foi solto do Presídio Carlos Tinoco da Fonseca no dia 3 de outubro, após o término da prisão preventiva. O parlamentar havia sido afastado pela Justiça Eleitoral das atividades na Câmara e ficou proibido de acessar e frequentar as dependências da Casa e da Prefeitura, e de manter contato com os beneficiários do Cheque Cidadão e com testemunhas do processo. No dia 31 de outubro, a vereadora eleita Linda Mara (PTC) e a ex-secretária municipal de Desenvolvimento Humano e Social Ana Alice Ribeiro Lopes Alvarenga foram presas pela Polícia Federal em um hotel de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro.

Uma terceira mulher, que é radialista de Campos, também foi presa. Linda Mara foi liberada após cumprir cinco dias de prisão temporária no Presídio Feminino Nilza da Silva Santos. Ana Alice deixou o presídio após conseguir habeas corpus no dia 3 de outubro. As três estavam foragidas por suspeita de envolvimento na Operação Chequinho, que investiga um esquema de compra de votos em troca do benefício nas eleições deste ano.

Trajetória política e denúncias

Garotinho deixou o PDT após divergências com Brizola e filiou-se ao PSB, partido pelo qual disputou a Presidência da República em 2002, ficando em terceiro lugar. Naquele mesmo ano, foi cabo eleitoral de sua mulher para sucedê-lo no governo do Rio. Rosinha Garotinho foi eleita no primeiro turno e nomeou o marido secretário de Segurança Pública.

Após ter trocado o PSB pelo PMDB, Garotinho deixou a legenda em 2009. No ano seguinte, foi condenado em primeira instância a dois anos e meio de prisão por formação de quadrilha, pena revertida em prestação de serviços. Concorreu ainda em 2010 ao cargo de deputado federal, tendo sido o segundo mais votado do país.

Em 2013, foi alvo de denúncia do Ministério Público junto com sua mulher por suposto desvio de verbas do governo do Estado.

Em outubro, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE/RJ) decidiu cassar o mandato da prefeita de Campos dos Goytacazes, Rosinha Garotinho, e seu vice, Dr. Chicão.

Rosinha já foi governadora do estado do Rio de Janeiro, de 2003 a 2006, e está em seu segundo mandato como prefeita do município do norte fluminense. Rosinha Garotinho e seu vice também ficaram inelegíveis por oito anos por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

*Com informações da Agência Brasil.

 

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