Laíla abre o jogo, diz o que pretende mudar na Ilha e afirma que brigará pelo título

Laíla em apresentação na União da Ilha do Governador. Foto: @losfavoritosprodutora

Aos 76 anos de idade e beirando os 60 de samba, Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, famoso Laíla, está pronto para encarar mais um desafio em sua extensa e vitoriosa carreira carnavalesca. O sambista é o novo diretor de Carnaval da União da Ilha do Governador. Apresentado no dia 13 de maio, Laíla chega com a missão de fazer a agremiação insulana ser, pela primeira vez na história, campeã do Grupo Especial.

Para realizar o sonho dos torcedores, o diretor, em seu discurso inicial na escola, abriu o jogo e disse o que precisa ser feito para conseguir o que Laíla já fez dezoito vezes na vida: soltar o grito de campeão na Quarta-feira de Cinzas.

Relação com a escola

“Eu não esperava esse número de amigos. Eu não esperava ter aqui pessoas que estavam afastadas e por qualquer motivo deixaram de participar dessa agremiação. Quero dizer pra vocês que eu saia do Morro do Salgueiro pra ir na rua em frente ao Cacuia, perto do Cemitério, pra ir no Sr. Paulo Amargoso. Sempre estive presente na Ilha nos momentos que eu pude e colaborei através dos pedidos do ex-presidente Ney.”

Convite antigo

“Eu não sou salvador da pátria. Ano passado, eu relutei em vir pra Ilha porque meu medo era que pudesse ter uma sacanagem em cima da escola e ela acabar descendo pra me sacanear. Eu espero que não haja, por exemplo, perseguição.”

Laíla reencontrou amigos na quadra da agremiação insulana. Foto: @losfavoritosprodutora

Contrato

“Eu não quero contrato nenhum, porque se encher meu saco e não for o caminho que eu quero, eu vou embora. Sei o que pode render, o trabalho nosso, desde que estejamos juntos. Aqui não tem preto, não tem branco. Aqui todo mundo vai ter o direito de falar o que sente e me dar ideias. Eu sou de muito trabalho. A minha cara feia depende daquilo que ocorre. Se estiver tudo em seus devidos lugares, eu não vou estar contrariado.”

Elogio à comunidade

“Vim pra aqui porque me prometeram que a Ilha estava unida. Aqui não se tem oposição. Da ponte pra cá, não existe comunidade, hoje, dentro do Carnaval, tão aguerrida como essa aqui. Faltavam apenas determinadas coisas.”

Samba-enredo

“Eu tenho 54 anos de produção de discos do Rio de Janeiro. Então, não sou trouxa. Conheço de frente pra trás e de trás pra frente todos os caminhos que se podem ter. Temos que ter um samba que o povo sinta o prazer de cantar, dentro das divisões e métricas corretas. Espero que seja um Carnaval que consigamos resgatar os belos sambas da Ilha. Você vai pra qualquer canto do Brasil ou qualquer festividade – a Mangueira é a grande escola em torcida do Rio -, mas canta um samba da Mangueira e canta dez da Ilha, mas lá de trás, porque que perdemos isso.”

Ito Melodia

“O pai do Ito só gravava comigo, cantava pra caramba. O Ito canta muito, mas já falei pra ele: mal produzido. É a grande realidade. O Ito estava no Porto da Pedra e o dia que ele foi gravar comigo pela primeira vez tremia igual vara verde.”

Laíla elogiou Ito Melodia e contou história com o cantor. Foto: @losfavoritosprodutora

Briga pelo título

“Eu não brinco de fazer Carnaval. Eu preciso do Carnaval pra sobreviver, porque me tornei um profissional. Mas o dinheiro não me compra. Eu vim pra cá porque Sr. Djalma, com essa diretoria, se comprometeram a lutar para ser campeão do Carnaval, e aí eu quero. A gente vai brigar pra ser campeão do Carnaval.”

Núcleo de Carnaval

“Eu quero resgatar aquilo que essa comunidade merece. Eu quero as lideranças do Morro, quero conversar de uma outra maneira, dando oportunidade a todos, porque eu quero criar aqui um Núcleo do Carnaval. Quantos artistas de repente nós temos perdidos nesse meio que aqui está, que sabe desenhar, que tem caminhos pro Carnaval, que tem cabeça pra nos dar ideias novas? Eu to com 76 anos, é muito tempo de Carnaval.”

Arena Insulana

“Tenho uma promessa: eu quero fazer uma Arena Insulana aqui. Eu quero ensaiar núcleo por núcleo, os setores, após decidirmos aquilo que queremos. Cada dia vai ter um setor nessa casa, para sentarmos, conversamos e ensaiarmos aquilo que queremos levar pra rua. Nós temos que sair daqui preparados pra rua, pra trazer as pessoas que estavam desacreditadas na gente.”

Laíla e parte da diretoria e equipe da Ilha do Carnaval 2020. Foto: @losfavoritosprodutora

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